TOXOPLASMOSE OCULAR
Toxoplasmose ocular é uma das causas mais comuns de infecção ocular em nosso país. Acomete, principalmente, pacientes entre 20-45 anos de idade e é caracterizada por quadros de remissão e recorrências que podem ocasionar perda da visão. Os sintomas mais comuns são moscas volantes e diminuição da visão. O exame fundamental para caracterizar o diagnóstico é o mapeamento de retina.
Trata-se de uma doença que, se não diagnosticada e tratada precocemente, pode trazer consequências sérias e irreversíveis para a sua visão. Por isso, vale a pena estar atento principalmente aos cuidados de prevenção e aos sintomas iniciais.
O que é a toxoplasmose ocular?
É uma doença infecciosa causada por um parasita denominado Toxoplasma gondii, encontrado principalmente nas fezes de gatos e outros felinos.
Vou te explicar em detalhes como ela causa doença no olho..
A maioria das pessoas quando são contaminadas pelo primeira vez pelo parasita desenvolvem a Toxoplasmose Sistêmica, apresentando geralmente apenas sintomas leves, como: dor de cabeça, dor muscular e febre, que podem durar algumas semanas, sem qualquer outro agravo à saúde. Esse é o caso de pessoas saudáveis, que conseguem combater o parasita antes que ele possa causar danos mais graves. Assim, ele é mantido inativo (“adormecido”). Nessa fase inicial geralmente não ocorrem problemas no olho.
Se houver algum problema de saúde que prejudique o sistema imunológico, a infecção pelo parasita que estava adormecida pode ser reativada e causar complicações mais sérias que o quadro inicial. Nesses casos, a reativação pode afetar o cérebro, o coração e os olhos.
Assim, a Toxoplasmose Ocular é causada por uma reativação de um foco adormecido do parasita no olho. Ela se manifesta como uma uveíte infecciosa — inflamação da região posterior do olho. Essas inflamações podem levar à formação de cicatrizes e comprometer a visão de forma permanente, dependendo da localização.
Como sou contaminado com a Toxoplasmose?
O gato é o reservatório do Toxoplasma gondii, parasita causador da toxoplasmose, portanto as fezes desses animais representam a principal fonte de contaminação do solo, água e também dos alimentos.
Você se contamina com a toxoplasmose ao consumir água contaminada e alimentos crus ou mal cozidos contaminados, como verduras, carnes vermelhas e peixes.
O contato com fezes de gatos ou caixas de areia onde eles fazem suas necessidades também pode expor você à infecção pelo parasita.
Além disso, a infecção pode ser contraída pelo bebe durante a gestação. Nesse caso, ela é chamada de Toxoplasmose Congênita.
Quais são os sintomas no olho da toxoplasmose?
A apresentação mais comum da toxoplasmose ocular é um quadro de embaçamento da visão progressivo com visão de moscas volantes e sensibilidade a luz, geralmente sem dor ou vermelhidão ocular.
- Mas algumas pessoas podem apresentar também:
- Visão turva ou embaçada – Percepção que a visão esta desfocada
- Perda da visão – geralmente de início rápido e progressivo em poucos dias
- Fotofobia – é a sensação de sensibilidade intensa ou desconforto à luz
- Vermelhidão ocular
- Dor nos olhos
- Moscas volantes
Como confirmar o diagnóstico?
Para o diagnóstico de toxoplasmose ocular o médico oftalmologista realiza:
- Avaliação completa do olho – analisando suas queixas e sinais no olho da doença, como inflamação e aumento da pressão intraocular
- Sorologias – que são exames de sangue para a dosagem das imunoglobulinas IgG e IgM, marcadores da infecção da toxoplasmose.
- Mapeamento de retina – para avaliar a presença de lesões ativas ou cicatrizes na retina.
Ao observar o fundo de olho de um paciente com toxoplasmose ocular em atividade, é possível identificar uma lesão esbranquiçada na retina com limites imprecisos. À medida que o tratamento vai surtindo efeito a lesão vai ficando com os bordos mais precisos e pigmentados. Nesse estágio dizemos que a doença está em remissão ou em involução. Tardiamente, a lesão adquire uma coloração escurecida, típica da doença inativa ou cicatricial.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da toxoplasmose ocular é feito com o uso de antibióticos e corticoides. Além disso, são utilizados colírios específicos para alívio da dor e da inflamação nos olhos.
O objetivo é evitar a multiplicação do parasita e, consequentemente, minimizar os danos causados à retina.
O antibiótico mais usado é o Trimetoprim + Sulfametoxazol (Bactrin®), conhecido na medicina como tratamento alternativo. Suas vantegnes são a facilidade de uso e menos efeitos colaterais. Outra possibilidade é o tratamento clássico, composto por Pirimetamina, Acido Folinico e Sulfadiazina – esquema dito clássico, associado a mais efeitos colaterais e difícil utilização. Em pacientes alérgicos ainda podemos usar Clindamicina ou Azitromicina.
O corticoide oral (prednisona) geralmente é associado aos antibióticos para reduzir a inflamação do olho. O mais importante é você só pode usar o corticoide durante o uso do antibiótico.
Em todos os casos, o início do tratamento deve ser o mais rápido possível, evitando o agravamento do quadro, e mantido até total cicatrização da lesão na retina.
Pode ocorrer recidiva da doença?
É sempre importante alertar que o tratamento cura a crise da doença e elimina grande parte dos parasitas, porém há a possibilidade de alguns parasitas ficarem alojados na cicatriz da retina.
Portanto, é muito importante você saber que uma queda na resistência imunológica, por uma gripe ou estresse, pode precipitar a uma recidiva do quadro de toxoplasmose ocular.
Por isso é essencial o acompanhamento regular com Especialista em Retina (Retinólogo) para seguimento do fundo de olho e detecção precoce de recidivas.
Como me prevenir da toxoplasmose?
O melhor a se fazer em relação à toxoplasmose ocular é prevenir a contaminação pela doença, a partir de cuidados simples como:
– cozinhar bem os alimentos, principalmente as carnes
– lavar frutas, legumes e verduras antes do consumo
– evitar comer em locais onde não se pode confiar na higiene do preparo dos alimentos
– não beber água de locais possivelmente contaminados
– ferver a agua de qualidade duvidosa antes de consumi-la
– gestantes devem fazer pré-natal adequado, com realização de exames sorológicos para toxoplasmose.
Em casos de múltiplas recorrências ou em pacientes de maior o risco de recorrências, é indicado o uso de Sulfametoxazol-Trimetropin 160/800mg (Bactrin®), 1x/dia até completar 1 ano de tratamento. Esse esquema foi efetivo em prevenir novas recorrências da toxoplasmose por até 5 anos após o episodio inicial, sem efeitos colaterais significativos.
Quais riscos da infecção na gravidez?
As gestantes que tiverem o diagnóstico de toxoplasmose durante a gravidez devem iniciar o tratamento precocemente, de forma a impedir que a doença seja transmitida via placenta para o bebe.
Quando a infecção ocorre no início da gestação (1º trimestre), apenas 15% dos bebes serão infectados, mas caso ocorra essa infecção, o acometimento do bebe é mais grave. No 2º trimestre as chances de contrair a infecção aumentam para 25%, mas as repercussões na saúde são menos sérias. Se a infecção ocorrer no 3º trimestre 65% dos fetos serão infectados, mas os quadros graves são bastante raros.
É importante salientar que a criança infectada pelo toxoplasma durante a gravidez (Toxoplasmose Congênita) deverá fazer um acompanhamento mais rigoroso de sua saúde, a fim de diagnosticar e tratar rapidamente qualquer alteração que possa ocorrer em sua visão.
Cerca 30% das crianças que contraíram toxoplasmose congênita no 1º trimestre de gestação terão manifestações oculares até os 12 anos de idade, sendo que a gravidade pode variar e, em alguns casos, há perda total da visão.
Para tanto, é fundamental ter um oftalmologista de confiança especialista em retina. Afinal, mesmo que o bebê não tenha manifestações ao nascimento, elas podem surgir em uma idade mais avançada, como a pré-escolar.
Se você ou alguém da sua família tem Toxoplasmose ou se sua visão está apresentando moscas volantes ou embaçamento, procure de imediato um Oftalmologista especialista em Retina!
A chave do sucesso é o diagnóstico e tratamento precoce!