OCLUSÃO DE VEIA DA RETINA
A oclusão de veia da retina é responsável por causar cegueira em milhares de pessoas pelo mundo. Quanto mais precoce for diagnosticada e mais eficiente for o tratamento, menores serão os danos para o paciente.
É importante lembrar que a retina é um tecido extremamente vascularizado, localizado na parte posterior do olho, sendo essencial para a nossa visão. Ela é formada por um conjunto células fotossensíveis que captam a luz e a transformam em sinais elétricos, enviando-a para o cérebro, onde será processado a visão. A retina é drenada por 4 veias acessórias (ramos venosos) que se juntem formando uma veia principal, conhecida como veia central da retina.
O que é oclusão de veia retiniana?
A oclusão de veia da retina, também conhecido como “trombose retiniana” ou “derrame ocular”, ocorre quando há a obstrução do fluxo de uma veia retiniana, o que impede o retorno do sangue para a circulação corporal.
A obstrução desse fluxo sanguíneo leva ao extravasamento de sangue das veias para interior da retina, e assim, ao surgimento de hemorragias e edema da retina.
Se não identificada, a condição pode evoluir e provocar também intensa isquemia retiniana (falta de oxigênio), com consequente formação de vasos anormais (chamados de neovasos). Em casos mais graves, pode haver hemorragia vítrea (sangramento intraocular denso), descolamento da retina e glaucoma secundário (aumento da pressão intraocular).
Quais são os sintomas da doença?
Os sintomas são sempre relacionados à dificuldade de enxergar, geralmente com relato de início súbito de embaçamento da visão ou percepção de mancha escura ou “teias de aranha” na visão.
A oclusão de veia retiniana causa perda visual por 2 motivos principais:
– Edema macular: inchaço da região central da retina (mácula), responsável pela visão central de detalhes e cores.
– Hemorragia vítrea: nesse caso, os vasos anormais formados (neovasos) se rompem e sangram para interior do olho.
Quais são os tipos de oclusão de veia da retina?
OCLUSÃO DA VEIA CENTRAL DA RETINA (OVCR)
Forma mais grave da doença, que está associada a formação de um trombo no interior da principal veia do olho (Veia Central da Retina).
Neste caso pode-se observar aumento da tortuosidades generalizado das veias, além de hemorragias difusas e extravasamento de líquido na retina.
OCLUSÃO DE RAMO DA VEIA CENTRAL DA RETINA (ORVR)
Forma mais branda da doença, que está associada a obstrução localizada de uma das 4 veias da retina. Esta apresenta menor gravidade que a anterior, já que ainda existe uma parte do fluxo sanguíneo preservado.
Quais são as causas?
É uma doença multifatorial, ou seja, causada por múltiplas causas em conjunto. Entre elas, podemos citar:
– idade maior que 65 anos
– Hipertensão arterial descontrolada
– Diabetes mellitus descontrolada
– Colesterol elevado
– Glaucoma
– Doenças reumatológicas e neoplásicas, como lúpus, sífilis, leucemia e mieloma múltiplo
– Processos inflamatórios ou infecciosos do olho.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de oclusão de veia da retina é feito pelo oftalmologista especialista em tratamento da retina (Retinólogo).
Os exames que auxiliam no diagnóstico são:
Mapeamento de Retina: exame que avalia o fundo do olho e as suas estruturas em detalhes, permitindo avaliar qual a veia obstruída e suas complicações.
Tomografia de Coerência Óptica (OCT): exame essencial para avaliar a presença de edema macular (inchaço no fundo olho), uma das principais complicações da oclusão de veia retiniana que levam a perda visual.
– Angiofluoresceínografia: exame essencial para avaliar a extensão da oclusão, investigar áreas de isquemia retiniana e definir risco de complicações.
Exame de Angiografia demonstrando Oclusão de Venosa de Hemirretina Superior.
Quais as complicações da Oclusão Venosa?
As principais complicações dos quadros de oclusão venosas que podem levar a perda visual são:
Edema Macular – caracterizado pelo espessamento da região macular observado pelo OCT de Mácula.
Exame de OCT de Mácula evidenciando o espessamento foveal e cistos intrarretinianos, característicos do Edema macular .
Hemorragia Vítrea – Sangramento intraocular devido a rompimento de vasos anormais (neovasos) formados como resposta a oclusão venosa.
Imagem demonstrando um nevoso de retina. Observe que sano vasos tortuosos e frágeis.
Glaucoma Neovascular – Aumento da pressão intraocular devido ao crescimento de vasos que obstruem a rede de drenagem do olho. Quadro grave que exige tratamento emergencial.
Descolamento de Retina Tracional – Quadro que os neovasos formam uma carapaça sobre a retina, que leva ao encurtamento e descolamento da retina.
Qual o tratamento?
Primeiramente, é preciso identificar se existe alguma doença de base que causou a oclusão venosa da retina, para que ela possa ser também tratada e não acarretar o retorno do problema.
O tratamento para a oclusão venosa da retina é determinado pelo Retinólogo de acordo com o dano causado, a presença de hemorragia intraocular e a sua gravidade. Os principais tipos de tratamento para o olho são:
Fotocoagulação a Laser
O laser é indicado quando há identificação de neovasos de retina.
O tratamento é aplicado sobre as áreas de isquemia retiniana, o que reduz o risco de sangramento intraocular e glaucoma secundário.
Injeção Intravítrea
Tratamento indicado somente na presença de edema macular identificado geralmente pela Tomografia de Coerência Óptica (OCT).
Existem duas classes principais de fármacos utilizados: antiangiogênicos (Avastin, Lucentis ou Aflibercept) e os corticoides (Orzudex). Ambos reduzem o extravasamento de líquido dos vasos retinianas, reduzindo o inchaço da retina, e combatem a isquemia retiniana.
Cirurgia de Vitrectomia Posterior
A cirurgia é indicada na presença de hemorragia vítrea (sangramento intraocular denso) ou descolamento de retina.
Neste procedimento todo gel vítreo e sangramento são retirados e laser aplicado sobre a área da oclusão retiniana.