MEMBRANA EPIRRETINIANA
A retina é uma das principais estruturas do olho. Sua função é transformar os estímulos luminosos que chegam pela visão em estímulos nervosos que, por sua vez, são enviados ao cérebro. As doenças que acometem a retina têm diferentes causas, podendo comprometer a visão e, em casos mais graves, levar à sua perda.
Uma das doenças que acometem a retina é a Membrana Epirretiniana, que tem grande impacto na visão e na qualidade de vida da pessoa que desenvolve o problema, sendo prevalente sobretudo na população acima dos 50 anos.
O que é Membrana Epirretiniana?
É uma fina membrana que cresce na superfície da retina. O crescimento desta membrana causa enrugamento e deformação da retina subjacente, o que gera alteração na visão.
A maioria dos casos acomete apenas um dos olhos, sendo que apenas 10% a 20% dos casos são bilaterais.
O que causa a Membrana Epirretiniana?
A maioria dos casos de Membrana Epirretiniana é idiopática (sem causa definida), associados ao descolamento do vítreo posterior.
Vou te explicar melhor… O interior do globo ocular é preenchido por um material de consistência gelatinosa, chamado humor vítreo. Esse gel é aderido a superfície da retina. Com o passar dos anos, esse material se torna mais líquido e se solta da superfície da retina, esse é o fenômeno chamado descolamento do vítreo posterior.
Esse descolamento do vítreo causa microfissuras/rupturas na superfície da retina. Em resposta a essa lesão, ocorre a formação de uma fina camada de tecido cicatricial na sua superfície, conhecida como Membrana Epirretiniana.
Mas também existem outros fatores que aumentam o risco de surgimento da Membrana Epirretiniana, de forma que, caso você tenha algum deles, é importante ficar atento. São eles:
- Idade superior 60 anos
- Miopia elevada
- Descolamento da retina prévio
- Inflamação ocular (uveíte)
- Diabetes
- Trauma ocular prévio
História de cirurgia ou tratamento ocular com laser (cirurgia catarata, fotocoagulação a laser,..)
Quais os sintomas?
É muito comum que o paciente se sinta surpreendido com o diagnóstico, já que ainda não apresentava qualquer tipo de alteração na visão que pudesse despertar desconfiança de um problema.
Nas fases iniciais, o problema é benigno e sem sintomas perceptíveis.
Mas com a progressão para fases mais avançadas, ela pode apresentar sintomas como:
- Progressiva perda da visão – dificuldade crescente em realizar suas atividades cotidianas.
- Metamorfopsias – Percepção das imagens distorcidas, principalmente das linhas retas
- Diplopia – Percepção da visão dupla
- Macropsia – Percepção de que os objetos são maiores do que realmente são.
Quais os tipos de Membrana Epirretiniana?
A Membrana Epirretiniana é classificada de acordo com o nível de distorção da retina causado pelo problema:
- Grau 0 (Maculopatia em Celofane): é o estágio inicial da doença, no qual há a presença de membrana transparente e o quadro costuma ser assintomático. Observa-se apenas um reflexo brilhante no polo posterior, que lembra bastante papel celofane.
- Grau 1: membrana fina que causa enrugamento inicial da superfície da retina. Dependendo da área que atinge, pode causar visão borrada e distorção das formas.
- Grau 2 (Pucker Macular): caracterizado por membrana muito espessa que provoca distorção intensa de toda espessura da retina. Nessa fase o embaçamento visual é intenso.
Quais os sinais de alerta para o problema?
Um dos principais alertas é uma visão constantemente turva ou distorcida. Em muitos casos, as linhas retas passam a se apresentar onduladas/distorcidas. Muitas pessoas descrevem a sensação como se estivessem observando o mundo por meio de um pedaço de plástico ou papel celofane.
Percepção de distorção das formas na Tela de Amsler.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio da avaliação oftalmológica e exames da retina e da mácula, especialmente realizados pelo retinólogo.
- Mapeamento da Retina – permite a visualização de vasos retinianos distorcidos e a perda do brilho natural macular
- OCT de Mácula – determina a extensão da doença e o grau de comprometimento anatômico da retina.
Exame de OCT de Mácula demonstrando linha esbranquiçada sobre a retina com distorção de toda sua arquitetura.
Quais os tratamentos disponíveis?
- Acompanhamento
O seguimento clínico em pessoas com poucos sintomas e boa acuidade visual pode ser uma opção de tratamento, com a realização periódica de exames para a avaliação da retina.
- Cirurgia de vitrectomia posterior
A indicação da cirurgia é baseada na redução e distorção da visão do olho afetado, duração dos sintomas e presença de outros problemas oculares.
Nesse procedimento é retirada todo o gel vítreo que preenche o olho e feita a excisão cirúrgica do tecido cicatricial que está recobrindo e distorcendo a retina (um procedimento chamado de Peeling de mácula). A cirurgia é realizada com anestesia local. O paciente não precisa ficar internado, podendo ir para casa no mesmo dia.
Em alguns casos, opta-se por realizar a cirurgia de catarata no mesmo procedimento.
Qual a chance de sucesso da cirurgia de Membrana Epirretiniana?
O prognóstico após o procedimento cirúrgico depende da acuidade visual antes da cirurgia, o tempo de evolução da doença e a presença ou não de edema macular.
Com a cirurgia 80-90% dos pacientes evoluem com melhora da visão em até 3 meses após a cirurgia, sendo maior essa recuperação em pacientes com sintomas a menos de 6 meses. Assim, é fundamental fazer o diagnóstico e tratamento precoce.
Se você ou alguém da sua família tem diagnóstico de Membrana Epirretiniana ou se sua visão está apresentando tortuosidade ou embaçamento, procure de imediato um Oftalmologista especialista em Retina!
A chave do sucesso é o diagnóstico e tratamento precoce!