INJEÇÃO INTRAVÍTREA
O que é a injeção intravítrea?
Injeção Intravítrea é uma técnica cirúrgica de injeção de medicamentos no compartimento mais interno do olho.
Quais as vantagens do procedimento?
O globo ocular é um compartimento fechado, assim as medicações tópicas (pomadas e colírios) ou sistêmicas (via oral) chegam em baixa concentração e não conseguem atingir níveis terapêuticos nos tecidos mais internos do olho.
A retina é considerada uma parte do olho mais isolada e de difícil acesso pela sua posição dentro do globo ocular, pois ela é a camada mais interna do nosso olho.
Nas injeções intravítreas a medicação é aplicada diretamente no vítreo (região mais interna e posterior do olho), o que promove elevadas concentrações do remédio na retina.
Assim, a principal vantagem dessa injeção é que por meio dela o medicamento chega diretamente no interior do olho, atuando com maior eficácia na área mais comprometida.
Existem 2 tipos principais de medicamentos que podem ser injetados: os antiangiogênicos (que impedem a formação de novos vasos anormais) e os corticoides (anti-inflamatórios). Também podem ser aplicados antibióticos em casos de infecção intraocular.
Como é feita a injeção?
No preparo para a aplicação recomenda-se uso de colírio de iodopolvidona a 5% e colírio anestésico.
A aplicação deve ser realizada em centro cirúrgico com anestesia local, em ambiente estéril, obedecendo-se às práticas corretas de antissepsia, com uso de campo fenestrado e blefarostato estéreis.
Esse procedimento é rápido e pouco incômodo. Pode ser realizada diversas vezes em um mesmo paciente, sem consequências negativas para olho.
Lembre-se que esse é um procedimento que só pode ser indicado e realizado por um retinólogo.
Quais os cuidados após a injeção?
Após aplicação, geralmente o olho é ocluído com curativo. Exceto em casos especiais em que o paciente só enxerga pelo olho do procedimento.
Recomendações atuais da Academia Americana de Oftalmologia sugere evitar uso de colírios antibióticos após o procedimento, pois evidências não demonstraram beneficio do uso na prevenção de infecção e, ainda, o uso recorrente desses antibióticos pode levar a seleçao de bactérias mais resistentes no olho. Sendo geralmente prescrito apenas colírios lubrificantes.
O paciente vai para casa no mesmo dia em que é feito o procedimento, sem a necessidade de internação.
Dentro de poucos dias, a pessoa pode voltar às atividades cotidianas mais leves. Os exercícios físicos mais intensos devem ser praticados somente após uma semana contada a partir da data do procedimento.
Quais os riscos da injeção?
Os principais riscos relacionados ao procedimento de injeção intraocular incluem: olho vermelho, aumento temporário da pressão intraocular, formação de catarata, lesões da retina (descolamento de retina), dor ocular, hemorragia dentro olho (hemorragia vítrea), alteração temporárias da visão e infecção ocular.
O paciente deverá procura imediatamente o seu oftalmologista caso venha a apresentar qualquer um desses sintomas acimas.
Para reduzir esses riscos citados acima as injeções devem ser realizadas por Oftalmologista especialista em Retina (Retinólogo).
Quais doenças são tratadas por essa técnica?
Diversas doenças podem se beneficiar com o tratamento por meio da injeção intravítrea. A seguir, listamos as mais comuns.
- Degeneração macular relacionada à idade (DMRI Úmida)
- Retinopatia diabética
- Edema macular diabético
- Oclusão de veia da retina
- Membrana Neovascular Miópica
Quais os medicamentos usados?
ANTIANGIOGÊNICOS
- Bevacizumabe (Avastin®)
Anticorpo monoclonal completo. Medicação inicialmente aprovado pela FDA para o tratamento do câncer colorretal metastático. No Brasil, obteve autorização da ANVISA para o tratamento de DMRI em 2016. Seu uso ocular é off-label, ou seja, sem aprovação em bula.
- Ranibizumabe (Lucentis®)
Trata-se de um fragmento de anticorpo monoclonal. Possui uso ocular liberado em bula. Teoricamente é a medicação com menor possibilidade de efeitos colaterais sistêmicos, devido a sua menor permanência na circulação sanguínea.
- Aflibercepte (Eylia ®)
Trata-se de uma proteína de fusão recombinante. Uso ocular liberado em bula. Teoricamente é a medicação mais potente para tratamento ocular.
Estudo comparativos dos três medicamentos (Bevacizumabe, Ranibizumabe e Aflibercept) demonstraram similaridade na eficácia e segurança para o tratamento da Degeneração macular relacionada à idade (DMRI Úmida), Edema macular diabético e Oclusão de veia da retina.
O tratamento geralmente é iniciado com uma Dose de Carga de 3 injeções mensais (1 injeção por mês durante 3 meses). Após essa dose de carga, é realizado uma avaliação da resposta ao tratamento e definido o esquema de seguimento individualizado.
Esse seguimento pode ser realizado de 2 formas
- Esquema PRN – realização de visitas médicas mensais, mas novas injeções somente quando a doença reativar no olho;
- Esquema Tratar e Estender – realização de visitas médicas e injeções com intervalos progressivamente maiores, com objetivo de evitar o retorno da doença.
Novas medicações estão em teste e em breve estarão disponíveis para uso, como por exemplo, o Brolucizumabe, que teoricamente tem efeito mais potente e prolongado que as demais medicações.
O Médico Retinólogo, com base nas particularidades encontradas no seu exames, vai definir qual medicação é mais apropriada para seu caso.
CORTICOIDE
- Dexametasona (Orzudex ®)
É um medicamento com efeitos anti-inflamatórios potentes, e que é usado principalmente em tratamento do edema da mácula secundário a oclusão de veia retiniana, tratamento de processos inflamatórios da parte posterior dos olhos, como a uveítes de origem não infecciosa e no edema macular diabético.
Essa medicação apresenta esquema de aplicação a cada 4-6 meses, conforme resposta individual de cada paciente.
ANTIBIÓTICOS
– Indicados nos casos de infecção intraocular, como as endoftalmites.