BLEFARITE / MEIBOMITE
O que é Blefarite?
A Blefarite é uma condição inflamatória da margem palpebral, normalmente devido à modificação do metabolismo das glândulas palpebrais, criando uma condição favorável para o crescimento bacteriano.
Nas bordas palpebrais, região em que estão os cílios, existem várias glândulas (chamadas glândulas de Meibômio) que secretam gorduras essenciais ao olho. A sua função é hidratar e lubrificar a região ocular, a fim de impedir o ressecamento dos olhos e da parte interna das pálpebras. Além disso, esse óleo cria uma película superficial sobre a lágrima, dificultando a sua evaporação e, assim, mantendo a umidade da superfície ocular.
Quais são os Tipos de Blefarite?
A classificação da Blefarite é baseada na localização em que ocorre a inflamação na pálpebra.
Blefarite Anterior
A Blefarite Anterior, caracterizada pela inflamação na região palpebral anterior, pode ser de 3 tipos: Estafilocócica, Seborreica e pelo Demodex Foliculorum.
– Blefarite Anterior Estafilocócica
Ocorre devido a uma resposta inflamatória anormal a bactéria Sthaphilococcus aureus, presente na flora normal das pálpebras. Caracteriza-se por vermelhidão, edema e presença de crostas nos cílios.
– Blefarite Anterior Seborreica
Ocorre devido a um excesso de produção gordurosa pelas glândulas das pálpebras (glândulas Zeiss). Podem ser vistas escamas, tipo crostas amareladas, nas bases dos cílios.
– Blefarite Anterior por Demodex Foliculorum
É a inflamação do bordo palpebral anterior causada pelo aumento da população deste ácaro, parasita que vive nos folículos capilares e glândulas sebáceas dos seres humanos. É mais comum em idosos e são observadas crostas e massas cilíndricas nos cílios.
Blefarite Posterior
A Blefarite Posterior, também conhecido como Meibomite, é uma condição inflamatória da região posterior da pálpebra, sendo a principal causa à Disfunção das Glândulas de Meibomius.
A Disfunção das Glândulas de Meibomius (DGM) é um problema crônico e difuso dessas glândulas, geralmente caracterizada por uma obstrução do ducto e/ou alterações da qualidade da secreção glandular, que geram o processo inflamatório das pálpebras, conhecido como Meibomite.
Na DGM com baixa secreção, as Glândulas Meibomius estão obstruídas e acumulam a gordura, que fica retida e não é liberada para a lágrima. As glândulas de Meibomius normais produzem material gorduroso transparente e líquido, enquanto na sua disfunção, há obstrução dos poros e o material gorduroso torna-se mais denso e opaco.
Secreção Normal Glândula Obstruída (DGM)
Na DGM do tipo hipersecretora, as glândulas produzem excesso de gordura de má qualidade, que forma uma camada espumosa na borda posterior palpebral, denominada Seborreia Meibomiana.
Quais os sintomas da Blefarite?
Os sintomas mais comuns são:
– Olhos avermelhados
– Pálpebras mais oleosas do que o natural
– Fotofobia – sensibilidade à luz
– Cílios grudados uns aos outros
– Sensação de queimação nos olhos
– Sensação de areia nos olhos
– Descamação da pele ao redor dos olhos
– Lacrimejamento constante
– Perda constante de cílios
Alguns pacientes não apresentam sintomas das Blefarite nas fases iniciais , mas muito embora a grande maioria apresentam alguma das queixas citadas acima.
A Blefarite pode estar associada também aos processos infecciosos agudos e recorrentes, como hordéolos ou terçol, e também aos processos granulomatosos, como calázio.
Por que a Blefarite causa o Olho Seco?
Nas condições fisiológicas normais, a produção da gordura pelas glândulas de Meibomius forma a camada lipídica, mais externa, do filme lacrimal. Essa camada gordurosa forma uma película protetora estável, que impede a evaporação da lágrima durante o intervalo entre as piscadas.
Quando a camada gordurosa das glândulas de Meibomius está em disfunção e, geralmente, diminuída no filme lacrimal, não mais consegue manter o efeito protetor e a água rapidamente evapora, gerando o Olho Seco.
Quais as causas da Blefarite?
A Blefarite é uma doença comum que pode atingir pessoas de todas as idades, com predominância nas mais idosas.
Vale lembrar que é uma doença não contagiosa.
Sua presença pode estar relacionada:
– Distúrbios hormonais, como na menopausa, e tratamentos de reposição hormonal (estrógeno em mulheres e terapia anti-androgênica em homens)
– Dieta rica em alimentos gordurosos
– Doenças dermatológicas, como Dermatite Atópica, Dermatite Seborreica e Acne Rosácea.
– Tratamento dermatológico da acne com isotretinoína
– Uso excessivo de lentes de contato e de maquiagem
– Tatuagem palpebral
O que é preciso para diagnóstico?
O médico oftalmologista com análise na lâmpada de fenda (um tipo de microscópio) consegue identificar e diagnosticar os diferentes tipos e a gravidade da Blefarite.
Qual o Tratamento da Blefarite?
A Blefarite é uma doença crônica que não tem cura. No entanto, o tratamento é muito efetivo no controle dos sintomas.
O tratamento deve se contínuo, pois se interrompido, os sintomas tendem a retornar rapidamente.
– Higiene Palpebral
A higiene palpebral diária é o primeiro passo para o tratamento da Blefarite e deve ser realizada em 3 etapas:
1º etapa- Aquecimento das Pálpebras
O uso de compressas mornas favorece o amolecimento das secreções gordurosas solidificadas dentro das glândulas, sendo convertidas novamente em óleo.
2º etapa – Massagem das Pálpebras
A massagem das pálpebras permite eliminar as secreções gordurosas liquefeitas das glândulas após o aquecimento com as compressas mornas.
3º etapa – Limpeza das Pálpebras e Margem Palpebral
A limpeza das pálpebras e margem palpebral com xampu neutro ou soluções prontas, como o Blephagel, tem a função desengordurante da base dos cílios.
– Colírios Lubrificantes
Os colírios lubrificantes são prescritos para substituir a lágrima na função de manter o olho umidificado e protegido. Os colírios lubrificantes sem conservantes, líquidos e especialmente em gel, são os ideais, principalmente para os casos mais graves e com necessidade de uso maior que 6 vezes ao dia.
– Suplementação com Ômega 3
A propriedade anti-inflamatória do ômega 3 ajuda na regulação e no estímulo da produção de lágrimas das glândulas palpebrais.
A sua ingesta pode ser realizada com alimentos, bem como com suplementação de cápsulas de óleo de peixe e óleo de linhaça.
O ômega 3 é encontrado em grande quantidade nas peles dos peixes sardinha, arenque, salmão e atum, nos óleos vegetais, nas nozes e nas sementes de chia e linhaça.
– Pomadas e Colírios de Antibiótico e Corticóide
Quando o processo inflamatório da Blefarite é intenso, o uso de pomadas e colírios com antibiótico e corticóide melhoram as reações inflamatórias.
Esses medicamentos só devem ser utilizados com prescrição médica e monitorização oftalmológica, pois o uso crônico de antibióticos pode causar resistência da flora bacteriana e o uso crônico de corticóides pode causar glaucoma e catarata.
– Antibióticos Via Oral
Nos casos de Blefarites intensas e resistentes ao tratamento convencional, o uso de antibióticos por via oral, como a tetraciclina ou seus derivados (como a doxiciclina), é indicado para amenizar o processo inflamatório.
Entendeu os sintomas e como tratar Blefarite e Meibomite?
Agora você já sabe que é fundamental procurar um médico oftalmologista para investigar qual é a causa do problema e tratar outras condições associadas, evitando a recidiva e complicações.
A chave do sucesso é o diagnóstico e tratamento precoce!